Tuesday, March 27, 2012

honey & sugar

Passaríamos horas ao entardecer olhando os montes que nos rodeiam, na aldeia das artes calcorrearíamos as ruas estreitas de calçada larga que não nasceram para serem pisadas por calçado da cidade grande. Acabaríamos no folclore a comer paiote da serra, pão da aldeia e uma fatia divina de queijo de Seia. Entre costeletas de borrego e secretos desvendaríamos os mistérios insondáveis do prazer da mesa. Entre dedais de medronho e tarte de alfarroba com laranja, avaliaríamos os cigarros declarados à prostituição de elite terminando assim o folclore já cansado e reposto de energia.

Escutaríamos rãs, pássaros, patos e o vento nos ramos das árvores nuas, víamos a água correr a oeste na languidez do ribeiro sem força, como se parasse para nos cumprimentar, o calor da cal no branco das casas traz-nos a calma e cresce esta saudade ainda de dedos entrosados. No murmúrio da cumplicidade traça-se o plano mais-que-perfeito para que tudo o que vier venha por bem. Sempre para sempre.

1 comment:

LiSa said...

Muito, muito, muito bom. Devias era escrever mais e ainda mais.
Beijo.